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29 de julho de 2011

Ensaio sobre a Dádiva - Marcel Mauss

O ensaio sobre a dádiva parte da teoria da troca, em que é determinada a partir de três segmentos: dar, receber e retribuir. Isto é, quando alguém é presenteado com presente, mesmo que ele seja associado a qualquer instituição, seja ela religiosa, jurídica, moral ou econômica. A pessoa presenteada sente a obrigação de receber e a necessidade de retribuir. Isso faz com que gere um ciclo de afinidades, prestígios e respeitos.
“Cada uma dessas obrigações cria um laço de energia espiritual entre os atores da dádiva. A retribuição da dádiva seria explicada pela existência dessa força, dentro da coisa dada: um vínculo de almas, associado de maneira inalienável ao nome do doador, ou seja, ao seu prestígio. A essa força ou ser espiritual ou à sua expressão simbólica ligada a uma ação ou transação, Mauss dará o nome polinésio de mana.” (Eric Sabourin, RBCS Vol. 23 nº. 66 02/2008)
            Para Maus, o sistema de troca entre as tribos e clãs, era simplesmente baseada através da doação que movimentava toda a sociedade estudada. Mauss, acreditava que apesar do sistema de troca ser universal, o comportamento do “sistema de prestações totais ou dádiva-troca” assim chamado, era diferenciado do sistema de troca mercantil conhecida pelo ocidente, ou seja;
O sistema que propomos chamar o sistema de prestações totais, de clã a clã – aquele no qual indivíduos e grupos trocam tudo entre si – constitui o mais antigo sistema de economia e de direito que podemos constatar e conceber. Ele forma o fundo sobre o qual se destacou a moral da dádiva-troca (Idem, p. 299).
            Mauss faz essa diferença, pois para ele o sistema de troca é baseado do poder do coletivo, visto que é o coletivo que mantém a lógica das obrigações de prestações recíprocas. “Nessas prestações existem “misturas entre almas e coisas”, entre riquezas materiais e espirituais, ao passo que nas sociedades modernas, direitos reais e direitos pessoais, material e espiritual, são muito bem separados.” (Eric Sabourin, 02/2008).
            Ademais, o que eles trocam não são exclusivamente bens, riquezas, bens moveis e imóveis, coisas úteis economicamente. São, antes de tudo, amabilidades, banquetes, ritos, serviços militares, mulheres, crianças, danças, festas [...]. (Idem, ibidem). Trata-se, no fundo, de misturas. Misturam-se as almas nas coisas, misturam-se as coisas nas almas. (Idem, p. 212).
            Tratando-se assim o sistema de troca da dádiva parte da lógica de dar, receber e retribuir, pelo fato da necessidade de doar, para além de conseguir respeito, prestígios. Parte de uma lógica que ao dar/doar um objeto, o doador vai receber algo no mesmo valor. Sendo assim, racionalizado pelo coletivo um sistema de trocas totais, onde conseguem movimentar toda a tribo de clã para clã. Mauss vai falar;
Se coisas são dadas e retribuídas, é porque se dão e se retribuem “respeitos” – podemos dizer igualmente, “cortesias”. Mas é também porque as pessoas se dão ao dar, e, se as pessoas se dão, é porque se “devem” – elas e seus bens – aos outros (Mauss, 2003, p. 263). Dar não é mais oferecer algo de si, mas adquirir esse “si”. O prestígio nasce da dádiva e relaciona-se àquele que toma a iniciativa: ao doador, para constituir seu próprio nome, sua fama, o valor de “renome” (Mauss, 2003, p. 258).
            Fica visível que para Mauss, na dádiva não existe o poder da compra. Pois a dádiva parte do pensamento de doação, uma necessidade que foi construída pelo poder do coletivo para da poder e adquirir prestígios e respeitos. É necessário dar, receber e retribuir. Sendo assim, matando o desejo espiritual que lhes rodeiam. 

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