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2 de agosto de 2011

Os Pronomes Cosmológicos e o Perspectivismo Ameríndio - Eduardo Viveiros de Castro.

O perspectivismo diferencia-se do relativismo e do objetivismo. Pois, como sabemos essa visão é dada a partir de uma única realidade com perspectivas epistemologicamente diferente de cada um diante da realidade proposta. Quando falamos de perspectivismo ameríndio, logo nos lembramos de um dos defensores, que é Eduardo Viveiros de Castro. O autor vai dar uma definição da natureza e da cultura diante da sua espécie, como sabemos sempre existe algo universalizado e outro mais particular, e quando se tratamos desses assuntos, temos que ter um cuidado peculiar em analisá-los. O autor vai falar; “a primeira garantida pela universalidade objetiva dos corpos e da substância, a segunda gerada pela particularidade subjetiva dos espíritos e dos significados, a concepção ameríndia suporia, ao contrário, uma unidade do espírito e uma diversidade dos corpos. A “cultura” ou o sujeito seriam aqui a forma do universal, a “natureza” ou o objeto a forma do particular.” (Eduardo Viveiro, 1996, p. 166)
            Essa reflexão do perspectivismo parte de inúmeras etnografias relatadas no comportamento indígena na amazonas, em que o olhar deles para os animais e os outros seres que habitam o universo é diferente, ou seja, o mundo é povoado por diversas espécies, humanas e não-humanas, todos com concepções diferentes em sua realidade, porém, uma visão universal, no entanto, epistemologicamente diferente uma da outra. É como se cada uma das espécies existente na terra visse a sua espécie como humana e todas as outras como não-humanas.
             Isso que dizer que essa visão das espécies diferenciadas umas das outras, não pode ser confundida com uma visão etnocêntrica ou como algo preconceituoso, visto que, são nos seus estados naturais que elas são abordadas assim. O autor vai da uma definição as visões em seus estados normais de uma forma naturalizada como realidade absoluta, na visão em que se encontra, sem se preocupar com a outra, isto é:
Em condições normais, vêem os humanos como humanos, os animais como animais e os espíritos (se os vêem) como espíritos; já os animais (predadores) e os espíritos vêem os humanos como animais (de presa), ao passo que os animais (de presa) vêem os humanos como espíritos ou como animais (predadores). Em troca, os animais e espíritos se vêem como humanos: apreendem-se como (ou se tornam) antropomorfos quando estão em suas próprias casas ou aldeias, e experimentam seus próprios hábitos e características sob a espécie da cultura — vêem seu alimento como alimento humano (os jaguares vêem o sangue como cauim, os mortos vêem os grilos como peixes, os urubus vêem os vermes da carne podre como peixe assado etc.), seus atributos corporais (pelagem, plumas, garras, bicos etc.) como adornos ou instrumentos culturais, seu sistema social como organizado do mesmo modo que as instituições humanas (com chefes, xamãs, festas, ritos etc.). (Taussig 1987:462-463)
            Portanto, o que o autor quer deixar claro, é que no perspectivismo ameríndios o nativo ver sua espécie a partir de como se trata em sua própria cultura, isto é, como ele próprio interpreta sua essência espiritual. O nativo passa de ser apenas um objeto de pesquisa, e o antropólogo tem que ter uma visão em que entendam que os nativos têm suas próprias interpretações, seus próprios conhecimentos naturais e científicos, ou seja, sua perspectiva peculiar. Isso nos leva a ter uma interpretação dos ameríndios de forma diferente, visto que para entender como eles se comportam, precisaríamos pensar como um ameríndio antes de fazer uma visão critica, e traduzi-la para nossa cultura. 

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